Escolástica – relativo a escolas ou à escolástica, «aquele que é versado em escolástica»; ou, ainda, «modesto, pobre, despretensioso» – é uma palavra proveniente do latim medieval scholastica, que, por sua vez, provém do grego skholαstiké.
Bombástico – «que causa estrondo como uma bomba», «capaz de causar um grande impacto», significando ainda, em sentido figurado, «que se expressa de maneira afetada», «esfalhatoso» – provém do vocábulo italiano bombastico; que, por sua vez, tem origem no vocábulo alemão bombastisch, adjetivo relacionado com o estilo empolado do médico suíço Bombast von Hohenheim, mais conhecido por Paracelso (1493-1541). Daí o sentido figurado atrás referido.
Há um conjunto de terminações de palavras portuguesas de acordo com o esquema – (vogal tónica)stico, nomeadamente os seguintes exemplos: drástico (do grego drastikós), doméstico (do latim domesticu-), dístico (do latim distichon e do grego distichos), diagnóstico (do grego diagnostikós) e rústico (do latim rusticu-).
Como vemos, as palavras terminadas em -(v)stico provêm de outras línguas latinas, do latim e do grego. Não foram formadas dentro da língua portuguesa.
Este conjunto -(v)stico não é produtivo na língua portuguesa e, por isso, não tem funcionado como sufixo para a criação de novos vocábulos.
N.E. – Sobre o termo bombástico transcrevemos o que escreveu* Agostinho de Campos no livro Língua e má língua (Livraria Bertrand, 3.ª edição, 1945):
«Deriva de bomba êste adjectivo? À primeira vista parece que sim e alguns assim o entenderam. Mas há outras opiniões.
Camilo falou em «sermões bombásticos» e todos sabemos, ouvindo falar em «estilo bombástico», que o mesmo é dizer linguagem inchada, altissonante, empolada, grandíloqua, pretensiosa. Ora tudo isto pode aparentar-se com bomba, no sentido daquele projéctil explosivo, ou daquele brinquedo que dá estoiros quando se lhe pega o fogo e com que o rapazio se entretém a fazer barulho no tempo do S. João e do S. António.
Acontece porém que um médico, astrólogo e alquimista do século XVI, originário da Suiça alemã e conhecido pelo alcunha de Paracelso, escrevia as suas polémicas quási constantes em estilo bombástico e chamava-se Bombast: Teofrasto Bombast von Hohenheim. Certos filólogos alemães, como Kleinpaul, derivam o bombástico do nome de Paracelso; outros, e entre êles Frederico Kluge, consideram a palavra derivada do bombast inglês, que é uma espécie de algodão. Com algodão em rama, ou coisa que o valha, se enchumaçam os casacos, para desenvolver a chamada musculatura de alfaiate. Estilo bombástico ou estilo enchumaçado... deve andar uma coisa pela outra.»
* Manteve-se a grafia original