Em português, as orações não-finitas são muitas vezes introduzidas por preposições, como é o caso da frase em análise. Tais preposições acabam por ter estatuto equivalente ao das conjunções, pelo menos, na atracção que exercem sobre os clíticos, isto é, os pronomes átonos. Por exemplo, assim como se diz «embora se saiba pouco...», também se diz, com o mesmo valor concessivo, «apesar de saber-se pouco...» ou, mais frequente no português europeu, «apesar de se saber pouco...»; vemos que, neste último caso, os falantes colocam o pronome antes do verbo no infinitivo, tal como o fazem numa frase subordinada finita.
Com verbos auxiliares que seleccionam preposições (excepto a preposição a, talvez por razões eufónicas), é também comum e correcto colocar o pronome átono antes do verbo principal:
(i) «tenho de o fazer»
(ii) «acabei de lhe ligar»
(iii) «acabei por lhe falar»
O mesmo acontece com verbos que se usam com uma oração não-finita:
(iv) «gostava de a ver»
(v) «optei por lhe escrever»
Observe-se, contudo, que a próclise nem sempre é possível por razões de eufonia, tal como acontece sistematicamente com a preposição a; com por, antes de vogal, parece também haver algumas restrições, pelo menos, em certos contextos e para certos falantes:
(v) «estar a escrevê-lo/lhe»/*«estar a o/lhe escrever».
(vi) «optei por escrevê-lo»/? «optei por o escrever».