A existência do advérbio já interfere na forma como se utiliza o pronome reflexivo. Vejamos exemplos usando frases mais simples com o verbo deitar:
(1) Ela deitou-se há muito tempo.
(2) Ela já se deitou há muito tempo.
Ambas as frases estão correctas, sendo que na frase (1) o pronome se aparece depois do verbo, e na frase (2) o pronome se está antes do verbo, devido à presença de já. Já é um advérbio que, quando usado em posição pré-verbal, obriga a que o pronome átono (neste caso o reflexivo se) passe a ocorrer antes do verbo. A estes elementos chamamos proclisadores.
Nas frases que a consulente apresenta («Ela já pode deitar-se» e «Ela já se pode deitar») temos dois verbos, sendo que o segundo se encontra no infinitivo. Quando isto acontece, o pronome reflexivo pode ser usado juntamente com o verbo no infinitivo (neste caso, deitar) ou com o verbo auxiliar (neste caso, poder).
Se estiver ligado ao verbo que se encontra no infinitivo, o pronome vai estar em posição enclítica (pós-verbal) independentemente de haver ou não um elemento proclisador na frase. Desta forma podemos ter:
(3) Ela pode deitar-se.
(4) Ela já pode deitar-se.
Se estiver ligado ao verbo auxiliar, o pronome vai estar em posição enclítica, se não houver proclisador, e em posição proclítica (pré-verbal), se houver proclisador. Obtemos então as frases seguintes:
(5) Ela pode-se deitar.
(6) Ela já se pode deitar.