DÚVIDAS

Divisão e classificação de dois versos de Fernando Pessoa

Em primeiro lugar, parabéns pelo vosso trabalho, tão útil a quem se interessa pelas questões linguísticas e quer saber cada vez mais.

Por me terem surgido dúvidas em relação à divisão e classificação de orações em dois versos de Fernando Pessoa («Minha alma é indistinta/ Não sabe o que quer»), venho solicitar-vos que me esclareçam se existem na frase duas ou três orações e como devemos classificá-las. A dúvida surgiu-me depois de ter visto em sugestões de correcção de uma Ficha de Avaliação respeitante ao 12. º ano a indicação de três orações. Afinal a frase contém duas ou três orações?

Resposta

Obrigado pelas suas palavras.

Nos dois versos de Fernando Pessoa, há três orações:

1.ª – «Minha alma é indistinta» — É uma oração coordenada com a oração seguinte (há também quem lhe chame coordenante).

2.ª – «não sabe» — É uma oração também coordenada (com a anterior), mas assindética, isto é, sem conjunção; é ainda a subordinante da 3.ª oração.

3.ª – «o que quer» — Corresponde a uma subordinada substantiva relativa sem antecedente (também chamada relativa livre).

Repare que há três formas correspondentes a verbos flexionados (é, sabe e quer), o que é sempre uma pista para a análise desta e de qualquer frase.

Cf.: Fernando Pessoa: 10 das melhores frases do génio

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