A palavra «discretude» possui condições para fazer parte do léxico da Língua Portuguesa, porque é formada pela raiz discret- e pelo sufixo -ude, formador de substantivos femininos abstractos.
Para os leitores residentes em Portugal, há alguma dificuldade na leitura desta palavra porque as actuais regras ortográficas não permitem que se escreva "discrètude". A tendência para o fechamento da sílaba cre antes da sílaba tónica contraria a pronúncia mais adequada. Veremos se os utilizadores deste neologismo conseguem impor a vogal [è] aberta antes da tónica.
Uma outra hipótese seria «discretitude», que, por ser uma palavra mais longa, poderia dar lugar a que a sílaba cre fosse lida /krè/, ou seja, como tónica secundária.
Para reflexão, lembramos que a palavra discrição é utilizada na Linguística com o seguinte significado: «propriedade que tem a linguagem de apresentar unidades discretas de diferentes ordens (fonemas, palavras, sintagmas, frases, etc.)» in Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Dado que o adjectivo discreto é comum à Física Matemática, à Informática e à Linguística, não poderá a palavra discrição ser também usada na Física Matemática e na Informática?
Discrição tem a vantagem de ser uma palavra já existente. Apenas alargaria o seu âmbito. Além disso, corresponde a uma evolução da Língua Latina para a Língua Portuguesa. Discrição provém da forma latina 'discritione-' e significa «qualidade de discreto».