O aportuguesamento custarda atesta-se, pelo menos, em Portugal desde meados do século XX, por exemplo, em livros de culinária.
Na 1.ª edição (1947) de O Livro de Pantagruel, de Bertha Rosa-Limpo, ocorre várias vezes a forma Custarda com maiúscula inicial e por vezes associada a farinha na expressão «farinha de Custarda», como acontece numa receita de creme de leite com Custarda, onde se lê o seguinte (p. 582): «A farinha Custarda, que se vende em pacotes, é amarelada e perfumada com baunilha.»
Tratava-se, portanto, de uma marca comercial cujo nome, ao que parece, era adaptação do inglês custard. O termo não é, portanto, estranho à doçaria portuguesa, embora não pareça dos mais tradicionais.
É verdade que, entre vários dicionários, só a Infopédia acolhe o termo com configuração portuguesa, mas sabe-se também que é entrada recente, de 02/02/2021, conforme assinala Helder Guégués no seu blogue Linguagista. É forma legitima, que reflete algum uso efetivo quer na gastronomia quer até em críticas de gastronomia, como também documenta Guégués, ao citar Fernando Melo, «As cerejas são como as conversas», Diário de Notícias,12/06/2021, p. 42): «A célebre sobremesa clafoutis nasceu a partir da cereja e mais não é do que a dita cereja previamente marinada em licor e açúcar e depois coberta com uma custarda forte [...]»