Género jornalístico-literário, crónica define-se como «a história dos tempos, dividida pela ordem das épocas»: vive, primeiramente, da História (reis e nobres, no séc. XV), com que se confunde; transita para um misto de ficção e História fantasiada com as novelas de cavalaria quinhentistas; no século XIX, entre secção e título de publicações periódicas, aproxima-se da História imediata (ver «O Cronista», de Almeida Garrett, 1827) ou da variedade de factos comezinhos, neutramente contados em colunas do «Diário de Notícias» lisboeta (1865) ou, numa voz irónica, no «Distrito de Évora» (1867) de Eça de Queirós. Ao tempo, a crónica literária, como hoje a entendemos – qual conversa de esquina, ou «causerie» desprendida, num registo oralizante, segundo estratégias que visavam duradouro pacto com o leitor –, designa-se por folhetim. Remetemos, assim, a leitora para o nosso trabalho «Mágico Folhetim. Literatura e Jornalismo em Portugal» (Lisboa, 1998), onde destrinçamos entre folhetim-crónica e folhetim-romance, entre outras modalidades; em preparação, temos antologia da crónica em Portugal (séc. XIX), seguida por balanço do séc. XX, por Fernando Venâncio.