Como sabe, a crase consiste na contracção ou fusão de duas vogais, de dois sons, num só, como, por exemplo, no caso da contracção da preposição a e do artigo definido a, da qual resulta à, com pronúncias nitidamente inconfundíveis em Portugal.
Tal fenómeno ocorre em muitas línguas, antigas e modernas, designadamente no grego clássico, em que podia dar-se a contracção da vogal ou do ditongo final duma palavra com a vogal ou o ditongo inicial da palavra seguinte (p. ex. talla por ta alla).
Se o resultado da contracção é uma vogal (cf. também o antigo poer, que deu pôr), temos crase; se, porém, a junção de duas vogais as reúne em ditongo, trata-se de sinérese. Exemplos: sanu-, que deu são, depois de o n, ao cair, ter nasalizado o a; amate, donde vem amai, após a síncope do t intervocálico (a+e>ai).