O emprego da consoante “c” seguida de outra consoante (cc, cç e ct) decorre da etimologia e do acordo ortográfico de 1945.
Segundo esse acordo, foi na altura suprimida da grafia das palavras a consoante “c” nos casos em que era invariavelmente muda, quer na pronúncia portuguesa, quer na brasileira, e em que não possuía qualquer valor particular: aflição, aflito, autor, condução, condutor, dicionário, distrito, ditame, equinócio, extinção, extinto, função, funcionar, instinto, praticar, produção, produto, restrição, restrito, satisfação, vítima, vitória.
Ainda segundo o referido acordo, esse “c” conservar-se-ia nos seguintes casos:
1. quando proferido, quer em Portugal, quer no Brasil, como, por exemplo, compacto, convicção, convicto, ficção, fricção, friccionar, pacto, pictural;
2. também, quando articulado em apenas um dos países, como, por exemplo, cacto, caracteres, coarctar, contacto, dicção, facto, jacto, perfunctório, revindicta, tactear, tacto, tecto;
3. após as vogais a, e e o, nos casos em que a tradição ortográfica, a similaridade do português com as outras línguas românicas e o facto de esse “c” exercer influência no timbre das referidas vogais assim o exigia, como, por exemplo, acção, afectuoso, arquitectura, colecção, contracção, correcção, defectivo, direcção, director, electricidade, espectáculo, facção, flectir, fracção, insecticida, inspecção, leccionar, nocturno, objecção, objectivo, Octávio, protecção, selecção, subtracção, transacção;
4. quando, embora mudo, ocorre em formas que devem harmonizar-se graficamente com formas afins em que um “c” se mantém, como, por exemplo, abstracto, acta, afecto, arquitecto, correcto, dialecto, directo, exacto, objecto, olfacto, recto.
No entanto, no Brasil esta norma não foi respeitada e essa consoante foi suprimida da escrita nos casos em que não era articulada.
Hoje, para empregar adequadamente o “c” na realização escrita do português do Brasil, deverá consultar um dicionário de português publicado no Brasil, como o Aurélio Século XXI.
Refiro ainda, a propósito das palavras que apresenta, que extradição e relação nunca se escreveram com “c”. Provêm, respectivamente, do francês extradition e do latim relatione-.