Não se pode dizer que as duas formas de fazer a concordância apresentadas pela consulente estejam incorretas, mas há razões que levam a preferir o plural («admitem»).
Não obstante a concordância poder ser feita com o núcleo da expressão – «a generalidade» – ou com a expressão que a especifica – «autores consultados», existe uma pequena diferença no sentido a atribuir a cada uma delas:
1. «Compreendemos a generalidade dos autores consultados que admitem a dificuldade em desenvolver uma política de saúde pública destinada a cada doença.»
Num conjunto de autores, todos admitem uma dificuldade.
2. «Compreendemos a generalidade dos autores consultados que admite a dificuldade em desenvolver uma política de saúde pública destinada a cada doença.»
No conjunto dos autores consultados, há uma maioria que admite uma dificuldade (a minoria pode não proceder assim). Esta interpretação pode ter restrições semânticas porque sugere a possibilidade de haver duas generalidades, o que é manifestamente um ilogismo, se estivermos a falar do mesmo conjunto. No entanto, é possível com uma relativa restritiva no contexto adequado: o tópico do discurso são dois grupos de autores, cada qual tendo um tema que o preocupa e havendo a possibilidiade de identificar uma tendência geral.
Feito o confronto, reconheça-se que a interpretação 2, não sendo impossível, afigura-se tão rebuscada, que a interpetação 1 acaba por se revelar mais acessível à intuição – recomenda-se, por isso o plural, ou seja, a concordância com «os autores consultados».
Recorde-se que, na ausência de uma estrutura relativa, e se «a generalidade de autores consultados» fosse o sujeito de oração com o verbo admitir, seria possível fazer a concordância quer no singular quer no plural: «A generalidade dos autores consultores admite/admitem...» A tendência, na maior parte das vezes, é privilegiar a concordância gramatical com o núcleo: «A maioria dos restaurantes utiliza cartazes informativos»; «A maioria dos clientes paga a conta com cartão de crédito». Isso não impede, porém, o uso do verbo no plural, em concordância com o termo mais próximo: «A maioria dos restaurantes utilizam cartazes informativos»; «A maioria dos clientes pagam a conta com cartão de crédito».