Os nomes que têm estrutura argumental, ou seja, que pedem complemento, têm determinadas características que, na maioria das situações, são facilmente identificáveis.
1 — Os nomes que derivam de adjectivos, de outros nomes, ou de verbos têm, habitualmente, complemento;
2 — Nomes que estabelecem com o nome encaixado relação estreita:
b) relação parte-todo: «A perna da mesa»; «o braço da Maria»;
c) relação de possuidor/agente (o que pratica a acção)/tema (entidade sobre quem recai a acção praticada): «A fotografia da Maria» (agente: que a Maria tirou; tema: que tiraram à Maria);
d) fonte/origem: «vinho do Porto»;
e) matéria: «camisa de seda»;
f) nomes icónicos: «imagem de Lisboa».
Tendo como base esta síntese, adaptada da Gramática de Língua Portuguesa, de Mira Mateus e outras, p. 331 e 332, e da autoria de Ana Maria Brito, poderemos ter dificuldade em encaixar aqui o grupo preposicional «de ciência» em «livro de Ciências». No entanto, na mesma gramática, na página 342, a mesma autora considera, com o exemplo «livros de história», o grupo preposicional, como complemento de livros, ilustrando com a agramaticalidade de «*Os meus livros li de história» em comparação com «Livros de história, li os meus».
Nem todos os investigadores incluem o grupo preposicional em apreço nos complementos. Não o fez Anabela Gonçalves na acção de formação sobre a Terminologia Linguística apara o Ensino Básico e Secundário (TLEBS), que teve lugar na Universidade de Lisboa, em 2005. Esta investigadora dá como exemplo de modificador do nome o grupo nominal «os livros de Francês».
Perante o exposto, posso dizer-lhe que há divergências de interpretação quanto à função de «de Ciências» no grupo nominal «livro de Ciências». Pessoalmente, por ter dificuldade em inserir a relação estabelecida na lista de relações indicadas acima, inclinar-me-ia para considerar que se trata de um modificador restritivo, mas não seria curial veicular essa interpretação sem lhe dar conta da complexidade da questão.
Vejo que é estudante e, se por acaso estuda estes aspectos, o meu conselho é que se dirija aos seus professores e esclareça com eles qual a interpretação que dão. De qualquer forma, seja «de Ciências» considerado modificador ou complemento, sê-lo-á independentemente da posição que o grupo nominal global (diria mais alto…) assuma na frase.
Como se pode ver pelo exposto acima, poderá ser forçado associar directamente o complemento determinativo à função do grupo preposicional correspondente, seja essa função modificador ou complemento do nome.