Como referi na resposta Classificação da estrutura «como sendo», a frase apresentada («A professora Luísa está a falar do guião pedagógico como sendo algo de que precisam agora») contém três orações, estando as duas primeiras ligadas pela conjunção como, por meio da qual se estabelece uma comparação e se introduz uma oração não finita cuja forma verbal é o gerúndio do verbo ser («sendo»). E acrescentei que essa conjunção como poderá ser seguida de se, adquirindo também um valor condicional (como se fosse algo…), sendo referida, no Dicionário Houaiss como uma «conjunção com valor de comparação hipotética ou subjetiva».
Não devemos substituir a conjunção como pelo pronome relativo que (conjunções e pronomes são classes de palavras diferentes, com funções diferentes), pois a nova frase encontrada não corresponderia exatamente à original. Com a comparação, estabelece-se um cotejo, uma tentativa de equivalência; com a relativa (relativa adjetiva), especificar-se-ia uma característica.
Na frase em causa, ao dizer-se «como sendo», atribui-se à professora Luísa a perspetiva contida na oração que se segue: é esta professora que considera que o guião pedagógico é algo de que precisam naquele momento; ela está a falar dele como algo de que precisam, como se fosse algo de que precisam, não se sabendo se as outras pessoas (ou o narrador) têm a mesma perspetiva.
Se fosse utilizado o relativo («que é algo»), já essa perspetiva deixaria de estar restrita à professora, já não era um cotejo que a professora estava a tentar fazer, já era algo tacitamente aceite por todos os intervenientes no discurso, já era mesmo uma característica própria do tal guião pedagógico.