Com efeito, chocolat-, o radical de origem castelhana (vindo, ao que parece, do nauatle chocolatl, ou xocolatl), é que deve estar na base de compostos e derivados como chocolateira, chocolateiro, “chocolataria” (a loja onde se vendem chocolates), “chocolatoterapia”, ou outros que os falantes venham a criar.
Porém, é notória a frequência com que o termo “chocoterapia” aparece na Internet (1810 ocorrências no Google), em detrimento de “chocolatoterapia” (18 ocorrências), para designar o tratamento de beleza e bem-estar tão em voga nos nossos dias.
Na minha opinião, isto deve-se a duas razões: por um lado, “chocolatoterapia”, com as suas 8 sílabas, é uma palavra demasiado comprida, cuja sonoridade se torna desagradável. Por outro lado, o uso da abreviação “choco” para designar chocolate já está bem implantado no mercado, onde existem diversos produtos fabricados com chocolate vendidos sob a designação de “choc” ou “choco” seguida de outro termo, como “branco”, por exemplo. O que aconteceu então, a meu ver, foi ter-se optado uma forma truncada do radical chocolat- (apenas choco-) para formar o composto, com terapia.
No entanto, se buscarmos argumentos mais eruditos, podemos sustentar, em favor de “chocoterapia”, que o termo xocolatl terá sido forjado pelos conquistadores espanhóis e é na verdade constituído por dois radicais: a palavra maia chocol, que significa «amargo», e a palavra asteca atl, «água». Assim, usar-se-á em português apenas o primeiro, chocol-, que de resto é o mais significativo.
Nota: a teoria que aqui referi é do filólogo mexicano Ignacio Davila Garibi e encontra-se descrita, entre outras, no artigo da Wikipédia sobre o chocolate. É de referir que o referido artigo, escrito em língua inglesa, é bastante mais completo do que o seu equivalente em português.