A palavra champanharia, embora não dicionarizada dado tratar-se de um conceito recente, deriva da forma portuguesa – champanhe – do vinho originário da região francesa de Champagne. À base de derivação champanh- (radical de champanhe) juntou-se o sufixo nominal (que permite formar novos nomes a partir de nomes preexistentes) -aria, que neste caso veicula a ideia de atividade ou ramo de negócio. Este é, de resto, um sufixo de origem latina muito produtivo na língua portuguesa, como é o caso de pastel e pastelaria, papel e papelaria e ainda livro e livraria.
Note-se, contudo, que o consulente apresenta também a variante “champanheria”. Neste caso o processo de formação consiste na afixação do sufixo -eria à base de derivação. Tal forma, de acordo com uma leitura mais conservadora da morfologia do português, não seria a mais adequada para o sufixo em apreço. Além disso, a versão eletrónica do Dicionário Houaiss (versão 1.0, 2001) afirma que -eria constitui um sufixo de origem francesa (-erie), em uso no português desde o século XV, alvo da rejeição purista a que acima aludimos. Não obstante, o mesmo dicionário indica que se consagraram certas oscilações no uso que tornam -eria tão legítima como -aria. Entre estes casos, encontram-se, cafeteria/cafetaria, bilhetaria/bilheteria e charcutaria/charcuteria. Recorrendo a uma pesquisa na rede, por intermédio de um motor de busca, verificamos que tal parece ser a situação de champanharia/"champanheria", em que as duas formas são atualmente usadas para designar o mesmo estabelecimento comercial dedicado à comercialização e ao consumo da bebida em questão. Deve, de qualquer modo, dar-se preferência à forma champanharia, dado que -aria é tradicionalmente considerado como o sufixo correto.