As formas "Cascaes" e "portugueza" são anteriores ao Acordo Ortográfico de 1945. Assim:
1. Cascaes deve ter sido substituído por Cascais na sequência da Reforma de 1911, a qual determinava que a «[a subjuntiva fraca dos ditongos seja sempre escrita com i, u,e nunca e, o [...]» (Relatório, publicado no Diário do Governo, n.º 213, de 12 de setembro de 1911, in Ivo Castro et al., A Demanda da Ortografia Portuguesa, Edições João Sá da Costa, 1987, pág. 156). É possível que a grafia Cascaes tenha perdurado depois de 1911; de qualquer modo, o acordo de 1931 voltava a reforçar que ae devia dar lugar a ai (idem, pág. 165; mantém-se a grafia original): «[Grafar] [c]om ai, au, eu, iu e oi os ditongos que alguns escrevem com ae, ao, eo, io, oe: mãi, pau, ceu, viu, heroi [...].»1
2. Quanto a portugueza, esta forma passou a portuguesa, com s intervocálico, por razões etimológicas: o feminino deriva de português, cujo s remonta, por sua vez, ao s da forma latina portucalense. Este critério etimológico para o uso de s intervocálico foi também imposto pela Reforma de 1911, conforme se lê no relatório já citado (idem, pág. 159):
«[Prescreve-se] que z corresponda a z, ou ce ou ci, ti latinos, ou a zz arábicos; s entre vogais, ou final, a s latino.»
1 À grafia mãi sucedeu depois a atual, mãe, seguindo o estipulado no Acordo Ortográfico de 1945, Base XIII:
«1.° Os ditongos constituídos por vogal com til e subjuntiva vocálica são quatro, considerando-se apenas a linguagem normal contemporânea: ãe (usado em vocábulos oxítonos e derivados), ãi (usado em vocábulos anoxítonos e derivados), ão e õe. Exemplos: cães, Guimarães, mãe, mãezinha; cãibas, cãibeiro, cãibra, zãibo; mão, mãozinha, não, quão (não quam), sótão, sòtãozinho, tão (não tam); Camões, orações, oraçõezinhas, põe, repões.»
Pelo mesmo acordo, as formas ceu e heroi foram substituídas por céu e herói, que mantêm o acento no Acordo Ortográfico de 1990 (não é o caso de heróico, que passa a heroico).