Tal como menciona, a razão pela qual se acentua graficamente esta palavra grave em que a sílaba tónica é facilmente identificável, tem a ver com a distinção entre o presente do indicativo e o pretérito perfeito do indicativo. Deste modo, os dois tempos diferenciam-se quer a nível gráfico quer a nível oral.
De facto, existe uma regra que faz com que a vogal a em posição acentuada se eleve (se torne mais fechada) e centralize quando é seguida por consoantes nasais (Ex.: cama [kɐ́ma]). Mas, e uma vez que é de Santo Tirso, já ouviu certamente em toda a região minhota – e não só – a pronúncia da mesma palavra com uma vogal aberta – [káma]. Há uma grande tendência no norte para abrir as vogais, mesmo quando estas são nasais (Ex.: anda [ã́́́dɐ]). Como tal, a regra não se verifica em todo o país e mesmo nos locais onde se verifica, existem excepções – esteja atenta à pronúncia lisboeta para as formas ganhar, ganho, ganhou, etc.
Voltando à sua questão, no norte do país, essa distinção oral entre o presente e o pretérito perfeito do indicativo anula-se, pelo que há uma tendência errada de se anular também graficamente. As causas prendem-se com factores da evolução da língua nas diferentes regiões.