Antes de mais, o Cancioneiro Geral (1516) é a primeira colectânea de poesia impressa em Portugal. Em cerca de trezentos poetas, encontramos um retrato da corte portuguesa quatrocentista e de inícios do século XVI. Desde crítica a obras de divertimento a alusões políticas, ou à experiência de alguns em África – sendo que, no prólogo, o organizador saúde a expansão ultramarina, e sobre os seus efeitos, negativos, se debruçam alguns –, muito perpassa nesta reunião por vezes caótica organizada pelo moço de escrivaninha de D. João II, Garcia de Resende, que, aliás, com as «Trovas à morte de D. Inês de Castro», suscita interesse por assunto literariamente afortunado. Bernardim lírico, Gil Vicente pitroresco e um Sá de Miranda pessimista serão os nomes mais fortes que aí se estreiam. Novas formas métricas vão muito além da contribuição trovadoresca dos séculos XIII e XIV.