O Dicionário da Língua Portuguesa 2003 da Porto Editora regista as duas formas (braille e braile), mas remete para a 1.ª, com dois ll. Trata-se de «sistema de escrita do pedagogo francês Louis Braille (1809-1852) formado por pequenos pontos salientes e destinado a ser usado pelos cegos». Assim, embora o dicionário prefira braille, a forma braile também é correcta.
Assinale-se que a forma braille, apesar do dígrafo ll, estranho às convenções ortográficas vigentes no mundo de língua portuguesa, não se escreve em itálico nem entre aspas porque deriva de um nome próprio estrangeiro. Cabe aqui citar o Dicionário Houaiss (s. v. derivado):
«os termos derivados de nomes próprios estrangeiros com grafias estranhas ao português preservam, neste dicionário, as características da grafia original, de acordo com praticamente todas as convenções de simplificação ortográfica do português tentadas no Brasil e em Portugal: byroniano, kepleriano, beaufórtia, wagneriano, behaviorismo, moehríngia etc.; registram-se tb. as formas mais aportuguesadas, quando existentes, mas como entradas remissivas (boemita: boehmita). A regra só é quebrada no caso de vocábulos que desceram ao "nível zero" da língua, popularizando-se: dália (e não dahlia, embora este seja o nome do classificador, o botânico sueco A. Dahl).»
N.E. (02/01/2020) – Em francês, o apelido (ou seja, o sobrenome) Braille soa como "brrai", fazendo corresponder uma semivogal aos dois ll da escrita – cf. transcrição fonética do Trésor de la Langue Française em linha: [bRɑ:j]. Esta palavra passou a outras línguas, conservando o valor semivocálico dos ll franceses, como acontece em castelhano, língua em que se recomenda a pronúncia /bráiye/, conforme transcrição da Fundéu BBVA. Em português, porém, está generalizada e considera-se correta a pronúncia que se afasta do francês, em resultado da interpretação à portuguesa da grafia original, associando-se assim a ll a consoante /l/: "brail" ou "braile", – transcrição fonética [ˈbɾajl], [ˈbɾajlɨ] ou [ˈbɾajli] (cf. Vocabulário Ortográfico do Português; ver também Infopédia e dicionário da Academia das Ciências de Lisboa). Esta pronúncia explica a grafia plenamente portuguesa braile, que é variante de braille.