No presente do indicativo, os verbos de tema em a (ou seja, os acabados em -ar, no infinitivo; p. ex., cantar) ficam com a desinência -am- na 3.ª pessoa do plural:

(1) «Eles gostam do filme.»

Ainda em relação ao presente do indicativo, os verbos de tema em -e- e -i- (isto é, os que, no infinitivo, acabam em -er e -ir; p. ex., comer, partir) apresentam -em:

(2) «Os filhos comem tudo.»

(3) «Eles partem agora.»

No presente do conjuntivo, os verbos de tema em -a- passam a ter a vogal temática -e-, acrescentando-se a desinência -em- à 3.ª pessoa do plural:

(4) «Espero que gostem do filme.»

Nos verbos de tema em -e- e -i-, estas vogais temáticas passam a -a-, acrescentando-se -am- à 3.ª pessoa do plural:

(5) «A mãe quer que os filhos comam tudo.»

Celso Cunha e Lindley Cintra, na Nova Gramática do Português Contemporâneo (Lisboa, Edições João Sá da Costa, 1984, pp. 447/448), identificam as seguintes situações de uso do presente do indicativo:

1. Quando se pretende enunciar um facto que ocorre no momento em que se fala (presente momentâneo):

(6) «Eles comem a sopa.»*

* [Geralmente, prefere-se o presente perifrástico: «Eles estão a comer a sopa.»]

2. Em referência a ações e estados permanentes como uma verdade científica, um dogma, um artigo de lei (presente durativo):

(7) «A Terra gira à volta do Sol.»

(8) «A Terra é redonda.»

3. Para expressar uma ação habitual (presente habitual ou frequentativo):

(9) «Vou ao ginásio todos os dias.»

(10) «Como pouco.»

4. Para dar vivacidade a factos ocorridos no passado (presente histórico ou narrativo):

(11) «A Avenida é o mar dos foliões. Serpentinas cortam o ar carregado de éter, rolam das sacadas, pendem das árvores e dos fios, unem com os seus matizes os automóveis do corso.» (Marques Rebelo)

5. Para marcar um facto futuro, mas próximo:

(12) «Vou para Lisboa.»

Segundo o capítulo "Tempo verbal", de Fátima Oliveira, na Gramática do Português da Fundação Calouste Gulbenkian (vol. I, pp. 509-553), usa-se o presente do conjuntivo em frases independentes:

– em todos os casos de imperativo negativo ou afirmativo (exceto na forma afirmativa da 2.ª pessoa do singular e do plural), em frases com valor diretivo, isto é, de ordem, sugestão, conselho ou advertência; ex.:

(19) «Respondam à questão.»

(20) «Brindemos aos noivos.»

(21) «Não adiem a reunião.»

– em atos diretivos dirigidos indiretamente a uma terceira pessoa, utiliza-se também o presente do conjuntivo, precedido pela conjunção-complementador que, podendo omitir-se esta e o grupo nominal a ela ligado; ex. (da fonte consultada):

(22) «Querem ter boas notas? (Os alunos/eles que) trabalhem mais!»

(23) «(Elas que) digam se vêm connosco ao cinema.»

– com uma estrutura semelhante, existem também as expressões fixas, de natureza exclamativa; ex. (retirados da fonte consultada):

(24) «Diabos te levem!»

(25) «Bons olhos te vejam!»

(26) «Sejam bem-vindos!»

– depois de advérbios modais, como talvez e oxalá; ex. (retirados da fonte consultada):

(27) «Talvez vá ao cinema.»

(28) «Oxalá façam boa viagem!»

Em orações subordinadas completivas, isto é, dependentes de um verbo, usa-se o presente do conjuntivo quando na oração principal temos:

1. Verbo ser + adjetivo + que:

(29) «É possível que eles cheguem hoje.»

2. Verbos ou expressões que exprimem dúvida:

(30) «Duvido que façam o trabalho a tempo.»

3. Verbos ou expressões que exprimem desejos:

(31) «Prefiro que digam a verdade.»

(32) «Tomara que elas tenham feito boa viagem.»

4. Verbos ou expressões de medo:

(33) «Tenho medo que eles saiam à noite sozinhos.»

5. Verbos de admiração:

(34) «Espanta-me que isto vos tenha acontecido.»

6. Verbos de concordância e discordância:

(35) «Concordo que eles saiam de madrugada.»

7. Verbos ou expressões declarativas na negativa:

(36) «Eu não acho que eles sejam maus alunos.»

Em orações subordinadas conjuncionais, isto é, dependentes de uma conjunção, usamos o presente do conjuntivo quando na oração principal temos:

1. Orações e expressões concessivas

(37) «Embora vocês saibam falar português, têm vergonha de se expressar.»

(38) «Por mais que tentem, não vos empresto o dinheiro.»

2. Concessivas com repetição de verbo

(39) «Façam o que fizerem, ninguém me consegue convencer.»

3. Orações finais

(40) «Eu vou embora para que vocês possam ficar.»

4. Orações condicionais

(41) «Desde que me paguem, trabalho até mais tarde.»

5. Orações temporais

(42) «Mal acabem de jantar, vão logo para a cama.»

6. Orações consecutivas

(43) «É verão. Daí que todos estejam na praia.»