As formas verbais têm e vêm integram ditongos nasais que correspondem a uma única sílaba métrica. Neste caso, importa, porém, distinguir sílabas métricas de sílabas gramaticais.
Na perspetiva da divisão em sílabas gramaticais, a estas formas verbais podem, ser vistas como monossílabos ou como dissílabos.
Rebelo Gonçalves, por exemplo, parece aceitar ou fixar prescritivamente no Vocabulário da Língua Portuguesa (1966) que estamos perante monossílabos. Acontece, porém, que há muito tempo que está difundida, sendo dominante no padrão de Portugal, a pronúncia duplicada, com dois ditongos (que soam como "tãeãe" e "vãeãe"). Neste caso, estamos perante dissílabos, formados por uma sequência de dois ditongos.
Na poesia, há tradição de considerar os ditongos uma só sílaba métrica. É o que nos explica Said Ali:
«Achamo-nos em face do fenônemo de ditongação ou tritongação resultantes do contato e pronúncia rápida de vogais pertencentes a palavras distintas. Uá, uã (como em qual, ritual, quanto) aparecem (tanto em poesia como em prosa) em do alto, roto alvo, prado amplo; ué, uê, u~e (sueto, doente) em do ermo, fraco ente; uó em o homem; uai (quais, iguais) em do airoso, etc.» (Versificação portuguesa. Edusp, p. 24)
O que é confirmado por Cunha e Cintra:
«Como nos ensina a gramática, também no verso os DITONGOS e os TRITONGOS se contam em uma sílaba» (Nova gramática do português contemporâneo. Ed. Sá da Costa, p. 670).
Assim sendo, formas como mantêm ou retêm, por exemplo, correspondem a duas sílabas métricas.
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