A língua latina era sintética porque as relações entre as palavras eram estabelecidas fundamentalmente pelas desinências (elementos terminais dos vocábulos que contêm as significações determinadas pela sua flexão).
A língua portuguesa também utiliza desinências, como as flexões verbais e as marcas de género e de número.
O uso dos adjectivos era mais frequente na língua latina do que na língua portuguesa.
O adjectivo municipal provém de ‘municipalem’ > ‘municipale’ e pertencia à mesma raiz de ‘municipium’ > ‘municipiu’ > município.
O substantivo freguesia teve uma evolução mais complexa. Provém do substantivo freguês, que, por sua vez, tem origem em ‘filius ecclesiae’ ou filho da Igreja.
As palavras freguês e freguesia significavam originariamente paroquiano e paróquia, às quais corresponde o adjectivo paroquial.
A organização das dioceses foi posteriormente utilizada para a organização administrativa de Portugal.
A língua portuguesa é mais analítica do que a língua latina. Reduziu as desinências e passou a usar as preposições com maior frequência. Esta evolução deu lugar a que não houvesse necessidade de um adjectivo formado com base em freguês ou freguesia.
A expressão «receitas das freguesias» é suficiente e funcional. E, além disso, está de acordo com as características actuais da língua portuguesa.