O que quer saber é quando é que o r (em carro ou rato), pronunciado de um modo geral, com a úvula, ou, como disse, «com a garganta», é produzido como uma ápico-alveolar (em que o ápex da língua faz múltiplos batimentos nos alvéolos do céu-da-boca). A resposta é que não há uma regra ou um contexto linguístico específico para isso acontecer (diz-se, nesses casos, que os dois segmentos estão em variação livre). Há quem diga que essa é uma característica dialectal (da zona litoral centro do país – Leiria, Alcobaça), mas há também quem defenda que não, atribuindo uma causa sociolectal a essas pronúncias: o r ápico-alveolar é mais frequente nas zonas rurais, ao contrário do uvular, que é característico dos meios urbanos.
O mesmo se pode dizer em relação ao som /s/ em final de sílaba, pronunciado como "saco" (com a língua a bater nos dentes), quando devia ser pronunciado como o tal /sh/ do inglês (com a língua a subir para o céu-da- boca). Não há, também neste caso, uma regra que restrinja o uso de um ou de outro em determinados contextos linguísticos (mais uma vez estão em variação livre). Trata-se de um "problema de linguagem", como o /l/ pronunciado como /u/ ou o /r/ como /g/, e que pode ser corrigido com algumas sessões de terapia da fala.