1. Etimologicamente, um idiota não é um indivíduo que tem muitas ideias. Com efeito, idiota relaciona-se com o grego ídios,a ou os,on, «próprio, particular, peculiar», «que ocorre em vocábulos introduzidos na língua desde o s[éculo] XV» (Dicionário Houaiss). Ideia, por seu lado, vem do grego «[...] idéa,as 'aspecto exterior, aparência, forma, maneira de ser, princípio geral que serve de base para uma classificação, donde, classe, forma ideal concebível pelo pensamento, donde, concepção abstrata, figura de estilo'» (idem); esta palavra grega formou-se a partir de eîdos,eos-ous, «aspecto exterior, forma, aparência; forma mental, idéia, conceito; classe, gênero; maneira, modo, método» (idem).
Concluindo, a expressão «idiota é alguém que tem muitas ideias» releva mais de uma etimologia popular pouco fundada, que procura motivar historicamente um certo grau de convergência semântica entre idiota e ideia. Acresce a crença popular segundo a qual pensar muito (entenda-se «ter ou relacionar ideias») pode constituir um risco para a saúde mental, alienando-as e tornando-as ensimesmadas — o mesmo é dizer: etimologicamente idiotas.
2. Es- pode ser uma forma alternativa a des-, como esclarece o Dicionário Houaiss: «es- equivale ao pref. des- (ver): escabelado/descabelado, esfazer/desfazer, esperdiçar/desperdiçar». O mesmo dicionário adverte que «[...] freqüentemente, es- é um falso pref., resultante da prótese de um e- em voc. gregos (esfíncter, esfragístico, esfacelo etc.), lat. (escama, escrever, escrutínio, espelho, estrela etc.), it. (esfumar, esmaniar, esmarrido, espadachim, escorraçar, estafar, estafermo, espaguete etc.), ing. (escuna, esnobe, espiche etc.), al. (escuma, espalto, espato etc.), fr. (estágio etc.), e outros, iniciados por s (absconder > esconder, absconsus > esconso e escuso, obscuro > escuro)».