A frase, ou o excerto, em apreço, retirado da estância 92 do canto 9.º d'Os Lusíadas, é bastante interessante. Analisemo-la na globalidade:
«Por isso, ó vós que as famas estimais,/Se quiserdes no mundo ser tamanhos,/Despertai já do sono do ócio ignavo/Que o ânimo, de livre, faz escravo».
Atentemos, antes de mais, na expressão anafórica - ou seja, que retoma aspectos anteriormente focados - «Por isso». Esta expressão traz para o seio da frase um conjunto de afirmações que se "espraiam" ao longo das estâncias 89 a 92 e justifica o conselho que é dado no excerto em análise.
Deixando de fora essa expressão, vamos dividir e classificar as frases:
- «ó vós que as famas estimais,» - vocativo, interessante, pois, para além do pronome, inclui uma extensão, restritiva, constituída pela frase relativa, que depende do pronome; note-se que não é tão invulgar assim o vocativo não ser constituído apenas pelo nome ou pronome. Recordemos aquela outra afirmação de Camões: «Estavas, linda Inês, posta em sossego,» (Lusíadas, canto III, est. 120)
- «Se quiserdes no mundo ser tamanhos,» - subordinada condicional;
- «Despertai já do sono do ócio ignavo,/Que o ânimo, de livre, faz escravo.» - subordinante da condicional;
- «Que o ânimo, de livre, faz escravo.» - subordinada relativa explicativa, dependente do nome ócio.
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