Segundo estas novas gramáticas, cada frase simples (ou oração) contém dois constituintes fundamentais.
1 – Sintagma Nominal 1 – com função de sujeito.
2 – Sintagma Verbal, que contém o verbo e todos os outros elementos. (Por influência das gramáticas clássicas e tradicionais, alguns autores atribuem-lhe a função de predicado.)
Exemplo de uma análise morfossintáctica – «O pai deu uma bola ao filho ontem.»
«O pai» – Sintagma Nominal 1 (sujeito)
«deu uma bola ao filho ontem» – Sintagma Verbal (predicado)
O Sintagma Verbal é depois divisível em vários constituintes:
deu – verbo
uma bola – Sintagma Nominal 2 – com função de complemento [objecto] directo.
ao filho – Sintagma Preposicional, com função de complemento [objecto] indirecto.
a – preposição
o filho – Sintagma Nominal 3
ontem – Sintagma Adverbial com função de complemento circunstancial de tempo. Analisemos agora as frases propostas:
1 – «Ele pode vir de manhã.»
a) De acordo com as gramáticas clássicas e tradicionais:
Ele – sujeito
pode vir – predicado
de manhã – complemento circunstancial de tempo.
b) De acordo com as gramáticas generativas e transformacionais:
Ele – Sintagma Nominal 1 ® Pronome – com função de sujeito
pode vir de manhã – Sintagma Verbal
pode vir – Grupo Verbal
pode – verbo auxiliar e modalizador
vir – infinitivo
de manhã – Sintagma Preposicional com função de complemento circunstancial de tempo
de – preposição
manhã – substantivo ou nome.
2 – «Eu como demoradamente.»
a) De acordo com as gramáticas clássicas e tradicionais:
Eu – sujeito
como – predicado
demoradamente – complemento circunstancial de modo.
b) De acordo com as gramáticas generativas e transformacionais:
Eu – Sintagma Nominal 1 ® Pronome com função de sujeito
como demoradamente – Sintagma Verbal (predicado)
como – verbo
demoradamente – Sintagma Adverbial, com um único advérbio e com a função de complemento circunstancial de modo.
3 – «Nós aprendemos bem a lição.»
a) De acordo com as gramáticas clássicas e tradicionais:
Nós – sujeito
aprendemos – predicado
a lição – complemento [obje(c)to] dire(c)to
bem – complemento circunstancial de modo.
b) De acordo com as gramáticas generativas e transformacionais:
Nós – Sintagma Nominal 1 ® Pronome com função de sujeito
aprendemos bem a lição – Sintagma Verbal (ou predicado)
aprendemos – verbo
a lição – Sintagma Nominal 2 – com função de complemento [obje(c)to] dire(c)to
bem – Sintagma Adverbial, com um único advérbio e com a função de complemento circunstancial de modo.
4 – Note-se que não é necessário que as orações gerundivas, infinitivas ou participiais tenham o mesmo sujeito que a oração subordinante (ou principal), como aliás se vê na frase complexa: «As pessoas saíram, terminada a reunião...»
Outros exemplos:
«Estando tu em casa, perguntei por ti.»
«Ele julgava ser eu o homem mais feliz de todos.»
Bibliografia:
Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Lindley Cintra e Celso Cunha , Ed. João Sá da Costa, 11.ª Ed., 1995.
Elementos de Linguística, de V. P. Lopes, Lello & Irmão Editores, Porto, 1979.
Gramática Universal da Língua Portuguesa, de A. A. Borregana, Texto Editora.