No Vocabulário da Língua Portuguesa, Rebelo Gonçalves consigna a forma alforge, indicando que alforje é uma «homófona brasileira». E é verdade que a forma com g surge nos dicionários portugueses (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa, de 2001, e Dicionário Verbo de Língua Portuguesa, de 2006), enquanto a que apresenta j está regist[r]ada em dicionários brasileiros (Dicionário Houaiss, de 2001, Dicionário UNESP do Português Contemporâneo, de 2004, e Dicionário de Usos do Português do Brasil, de 2004).
Contudo, o filólogo e dicionarista português José Pedro Machado, no seu Grande Dicionário da Língua Portuguesa, regista ambas as grafias para a palavra em questão. Atribuindo-lhe origem árabe ("al-hurj"), Machado comenta que alforge é «grafia hoje mais corrente», remetendo-a para alforje.1
1Agradeço ao consulente Gonçalo Neves a seguinte achega:
«No Dicionário Etimológico Nova Fronteira da Língua Portuguesa, de Antônio Geraldo da Cunha (2.ª ed. Rio de Janeiro: Editora Nova Fronteira 1986, 839 + XX + 103 p) lê-se:
"alforje s.m. 'duplo saco, fechado nos extremos e aberto no meio' | 1899, alforge XVI, alforja 1871 [...]"
Parece, portanto, que a forma 'alforge' é mais antiga do que 'alforje'. E é precisamente a forma 'alforge' que se acha na seguinte obra de Fr. João de Sousa, um arabista conceituado na época: Vestigios da lingua arabica em Portugal ou Lexicon Etymologico das palavras, e nomes portuguezes, que tem origem arabica, composto por ordem da Academia Real das Sciencias de Lisboa. Anno M.DCC.LXXXIX. 160 p.
[...]
O espanhol, neste caso, também não ajuda, pois a vogal final é A e não E ("alforja"). Se fosse E, seria curioso ver como transcreveriam, pois antes de E as consoantes J e G têm o mesmo valor.»