1 – Foi falta minha não ter mencionado a não ratificação do «Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa», redigido em 1990, talvez por o ter feito numa resposta anterior sobre «parolímpico/paralímpico»: «Nos países de língua portuguesa e mesmo dentro de Portugal coexistem várias grafias para uma mesma palavra, pois o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, proposto em 1990, com a participação do Brasil e dos PALOP, não chegou a entrar em vigor.» Houve, portanto, erro por omissão.
Como diz, e muito bem, o texto de 1990 é o do «Acordo de 1945»: «O Acordo de 1990 limita-se a transcrever (seria pecar por excesso falar em plagiar?) as Bases do Acordo de 1945, introduzindo-lhe depois algumas (polémicas) alterações, de forma por vezes desordenada e avulsa.»
Ao transcrever a parte do Acordo Ortográfico no que diz respeito às consoantes finais grafadas nas formas onomásticas, quis dar a conhecer o que nele é dito sobre “David/Davide” e “Jacob/Jacobe”. A inclusão desse trecho foi feita no seguimento da questão que me havia sido colocada, e é relevante no sentido em que discute as diferentes pronúncias que os nomes podem ter e até legitima uma grafia que não tinha sido considerada anteriormente: Badgá, à semelhança de Jó, Davi e Jacó.
«As consoantes finais grafadas b, c, d, g, e t mantêm-se, quer sejam mudas quer proferidas nas formas onomásticas em que o uso as consagrou, nomeadamente antropónimos e topónimos da tradição bíblica: Jacob, Job, Moab, Isaac, David, Gad; Gog, Magog; Bensabat, Josafat. Integram-se também nesta forma: Cid, em que o d é sempre pronunciado; Madrid e Valladolid, em que o d ora é pronunciado, ora não; e Calecut ou Calicut, em que o t se encontra nas mesmas condições. Nada impede, entretanto, que os antropónimos em apreço sejam usados sem a consoante final Jó, Davi e Jacó.»
2 – A inclusão do primeiro parágrafo intitulado «Câmara aprova Acordo Ortográfico» foi feita para dar a conhecer que tanto o Brasil como os outros países onde o Português é a língua oficial – Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste – estavam na intenção de adoptar o vocabulário ortográfico comum, nos termos do acordo. Era, portanto, uma vontade colectiva, e foi pena não se ter avançado até ao reconhecimento legal desse acordo.
Trata-se de uma citação que fiz pelo facto de Armando Dias mencionar a disparidade existente em relação à pronúncia e grafia de alguns nomes próprios, disparidade que se torna flagrante nos meios de comunicação social. Se o Acordo tivesse sido efectivamente aplicado, essa disparidade deveria estar reduzida, pelo menos no que diz respeito ao nome da capital do Iraque, às grafias "Bagdá" e "Bagdad".