Se tivermos em conta exclusivamente o que se diz na Base 44 (e se repete na Base 47 para os compostos onomásticos), do Acordo Ortográfico de 1945, ainda em vigor, «escrevem-se com minúsculas iniciais (ou minúscula exclusiva, se unilíteros), sem prejuízo de haver sempre maiúscula na primeira palavra, os seguintes componentes de títulos e subtítulos deste género:
1.°) formas do artigo definido ou do pronome demonstrativo afim;
2.°) palavras inflexivas (preposições, advérbios, etc.), simples ou combinadas com as mesmas formas;
3.°) locuções relativas a qualquer categoria de palavras inflexivas e combinadas ou não de modo idêntico. Exemplos dos três casos: Contra o Militarismo, Sóror Mariana, a Freira Portuguesa; A Morgadinha dos Canaviais — Crónica da Aldeia, Mil e Seiscentas Léguas pelo Atlântico, Oração aos Moços, Reflexões sobre a Língua Portuguesa, Voltareis, ó Cristo?; Algumas Palavras a respeito de Púcaros em Portugal, A propósito de Pasteur, Viagem à roda da Parvónia.»
Ou seja, todas as classes de palavras invariáveis, em títulos e subtítulos, se escreveriam com minúscula, como vemos nos exemplos da citação, com sublinhado meu.
Não tem, no entanto, sido essa a prática mais comum: os artigos, as preposições e algumas conjunções, como o e, são, habitualmente, escritos em minúsculas, mas os pronomes, os advérbios e mesmo os restantes determinantes são escritos em maiúsculas. Nesta interpretação, as palavras alguém, ninguém, muito, pouco ou tanto são, preferencialmente, em Portugal, escritas com maiúscula, quando inseridas num título em que se opte por uma grafia com inicial em caixa alta, ou maiúscula.
Convém referir que, na Moderna Gramática Portuguesa, Evanildo Bechara dá uma interpretação diferente, dizendo, na página 104, que o que fica em minúscula são as partículas monossilábicas. Desconheço se esta é a prática comum no Brasil, mas entre nós não o é.
Quanto ao terceiro ponto que coloca, tanto no Acordo Ortográfico de 1945, Base 46, como no acordo de 1990, Base XIX, se prevê a possibilidade de, em determinadas circunstâncias, usar a maiúscula. Transcrevo a alínea i) do ponto 2.º da já referida Base XIX do acordo de 1990:
«i)[Usa-se a maiúscula] Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).»
Quanto aos exemplos que apresenta, eu escreveria numa comunicação neutra, com minúsculas. Escreveria com maiúsculas a palavra Educação, que me parece, ali, com valor global. Caso pertencesse a uma instituição desportiva, ou quisesse de alguma forma realçar as expressões em apreço, então escreveria «Nélson Évora é Campeão do Mundo de Triplo Salto»; «Scolari foi o melhor Seleccionador Nacional».
Na resposta Disciplinas com inicial maiúscula encontra uma síntese bastante completa do uso das maiúsculas.
N.E. [24/04/2014] – São estas as regras do uso das minúsculas e das maiúsculas, estipuladas no Acordo Ortográfico de 1990 (Base XIX):
DAS MINÚSCULAS E MAIÚSCULAS
1 A letra minúscula inicial é usada:
a) Ordinariamente, em todos os vocábulos da língua nos usos correntes.
b) Nos nomes dos dias, meses, estações do ano: segunda-feira; outubro; primavera.
c) Nos bibliónimos/bibliônimos (após o primeiro elemento, que é com maiúscula, os demais vocábulos podem ser escritos com minúscula, salvo nos nomes próprios nele contidos, tudo em grifo): O Senhor do Paço de Ninães, O Senhor do paço de Ninães, Menino de Engenho, Menino de engenho, Árvore e Tambor ou Árvore e tambor.
d) Nos usos de fulano, sicrano, beltrano.
e) Nos pontos cardeais (mas não nas suas abreviaturas): norte, sul (mas: SW sudoeste).
f) Nos axiónimos/axiônimos e hagiónimos/hagiônimos (opcionalmente, neste caso, também com maiúscula): senhor doutor Joaquim da Silva, bacharel Mário Abrantes, o Cardeal Bembo; santa Filomena (ou Santa Filomena).
g) Nos nomes que designam domínios do saber, cursos e disciplinas (opcionalmente, também com maiúscula): português (ou Português), matemática (ou Matemática); línguas e literaturas modernas (ou Línguas e Literaturas Modernas).
2 A letra maiúscula inicial é usada:
a) Nos antropónimos/antropônimos, reais ou fictícios: Pedro Marques; Branca de Neve, D. Quixote.
b) Nos topónimos/topônimos, reais ou fictícios: Lisboa, Luanda, Maputo, Rio de Janeiro, Atlântida, Hespéria.
c) Nos nomes de seres antropomorfizados ou mitológicos: Adamastor; Neptuno/ Netuno.
d) Nos nomes que designam instituições: Instituto de Pensões e Aposentadorias da Previdência Social.
e) Nos nomes de festas e festividades: Natal, Páscoa, Ramadão, Todos os Santos.
f) Nos títulos de periódicos, que retêm o itálico: O Primeiro de Janeiro, O Estado de São Paulo (ou S. Paulo).
g) Nos pontos cardeais ou equivalentes, quando empregados absolutamente: Nordeste, por nordeste do Brasil, Norte, por norte de Portugal, Meio-Dia, pelo sul da França ou de outros países, Ocidente, por ocidente europeu, Oriente, por oriente asiático.
h) Em siglas, símbolos ou abreviaturas internacionais ou nacionalmente reguladas com maiúsculas, iniciais ou mediais ou finais ou o todo em maiúsculas: FAO, NATO, ONU; H2O, Sr., V. Ex.ª.
i) Opcionalmente, em palavras usadas reverencialmente, aulicamente ou hierarquicamente, em início de versos, em categorizações de logradouros públicos: (rua ou Rua da Liberdade, largo ou Largo dos Leões), de templos (igreja ou Igreja do Bonfim, templo ou Templo do Apostolado Positivista), de edifícios (palácio ou Palácio da Cultura, edifício ou Edifício Azevedo Cunha).
Obs.: As disposições sobre os usos das minúsculas e maiúsculas não obstam a que obras especializadas observem regras próprias, provindas de códigos ou normalizações específicas (terminologias antropológica, geológica, bibliológica, botânica, zoológica, etc.), promanadas de entidades científicas ou normalizadoras, reconhecidas internacionalmente.