Começo por elogiar a sensatez do consulente, pelas palavras que cito: «Mais cedo ou mais tarde, será necessário começar a usar esta terminologia, e vale mais começar pelo português correcto, enquanto ainda há tempo.» Com efeito, seria desejável que todos os falantes se preocupassem assim com o modo como traduzimos e criamos conceitos, procurando não desvirtuar a língua.
A proposta é, então, criar um outro nome a partir de domínio, cujo significado seja «o negócio de comprar e vender domínios» — nome actualmente implantado em português (tradução de domain) para designar a principal subdivisão dos endereços electrónicos, que indica o tipo de organização que lhe está subjacente. Por exemplo, “.edu”, para organizações educativas, “.com” para organizações comerciais, mas também “.pt” para endereços de Portugal (sendo a FCCN* a organização responsável por este domínio, no nosso país).
Em inglês, domaining resolve o problema: trata-se de um substantivo formado a partir do verbo to domain no gerúndio (como shopping, jogging e marketing, outros nomes bem conhecidos dos falantes de português). Na nossa língua, emprega-se a expressão «gestão, registo e manutenção de domínios» — nomeadamente na legislação. Parece-me que, para já, não será necessário criar um termo equivalente a domaining apenas para que possamos usar uma palavra só em vez de duas ou três.
Quanto à pessoa que negoceia na área dos domínios, concordo que as hipóteses levantadas pelo consulente são artificiais e, ainda que fossem lógicas, teriam decerto difícil aceitação por parte dos falantes. Por que motivo não se lhe há-de chamar «gestor de domínios», ou «vendedor de domínios»? Afinal, também não existe um nome para a profissão de vendedor de automóveis, de mediador imobiliário, como para tantas outras actividades profissionais...
* Fundação para a Computação Científica Nacional.