Em nome do Ciberdúvidas, agradeço as suas palavras de apreço.
Trata-se de um caso que pode não revelar-se consensual e que, portanto, terá de ser tratado muito marginalmente no ensino secundário (talvez no ensino básico se mostre muito complicado para os alunos).
Transcrevemos o que se lê na Gramática do Português (Fundação Calouste Gulbenkian, 2013, p. 1314):
«O verbo parecer pode também combinar-se com um sintagma nominal definido ou indefinido, significando, nesse caso, semelhança física, psicológica ou comportamental de dois indivíduos: cf. o Pedro parece o Rui, a Idalina parece uma amiga minha com quem jantei ontem, o João parece o assassino do Smith. Neste caso, contudo, o sintagma nominal pós-verbal não é predicativo, mas, sim, plenamente referencial; ou seja, designa diretamente um indivíduo, e não uma propriedade, sendo, portanto, questionável que parecer seja aqui um verbo de cópula. Corroborando esta conclusão, o mesmo significado de semelhança (mas restringida, para muitos falantes, ao domínio físico) pode ser veiculado por parecer, conjugado reflexamente, em frases nas quais seleciona um complemento preposicional: cf. o Pedro parece-se com o Rui, a Idalina parece-se com uma amiga minha com quem jantei ontem, o João parece-se com o assassino do Smith.»
Ou seja, a Gramática do Português considera que a estrutura «parecer-se com (alguém)» deve ser analisada como um verbo pleno + um complemento preposicional (ou oblíquo, para usar o Dicionário Terminológico).