Para efeitos de análise, a divisão é a seguinte: Subordinante: «Penso no rebanho de palavras» Subordinada relativa: «que tenho à minha espera.» Classificação sintáctica da subordinada relativa: Sujeito: eu (subentendido) Predicado: que tenho Predicado simples: tenho Complemento directo: que (referido a «rebanho de palavras») Modificador adverbial: à minha espera. «À (minha) espera» é uma locução adverbial, que tem, pois, uma função equivalente à de um advérbio – logo, estamos em presença de um complemento circunstancial e nunca de um complemento indirecto. E porque estamos perante um complemento circunstancial que equivale a um advérbio, estamos, segundo a nova terminologia, perante um modificador adverbial. O complemento indirecto é sempre constituído por substantivos (ou seus equivalentes), o que não é o caso, pois o substantivo espera não pode ser tomado isoladamente, uma vez que faz parte da locução adverbial. Podemos ainda verificar que se trata de um modificador, porque, embora traga um dado novo à oração, não é indispensável ao entendimento do enunciado.Resta-nos então classificar, do ponto de vista semântico, este modificador. É certo que a locução «à espera» traz implícita uma sugestão temporal («estar à espera» implica tempo de espera), o que justifica a hesitação das consulentes, mas que, em nosso entender, não justifica a atribuição do valor tempo. Uma vez que a expressão em análise indica a forma como esse rebanho se encontra (esperando, aguardando pelo emissor), trata-se de um modificador que veicula uma ideia de modo, ou, segundo a terminologia tradicional, de um complemento circunstancial de modo. O próprio significado da expressão «à espera» – «em estado ou em atitude de quem aguarda» (cf. Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea da Academia das Ciências de Lisboa) – corrobora esta interpretação.