Devo dizer-lhe, prezado consulente, que concordo, em parte, com o seu raciocínio.
Efectivamente, o verbo ficar, quando é utilizado para localizar um espaço a partir de outro espaço, constrói-se, habitualmente, com a preposição a. Uma pesquisa pelo corpus CETEMPúblico permite encontrar diversos exemplos em que tal acontece. Transcreve-se apenas um cuja estrutura é próxima do exemplo em apreço:
Ext 12065 (soc, 91a): A erupção pôde ser vista em Manila, que fica a cerca de 110 quilómetros a sul do vulcão, e a espectacular nuvem lançada pela explosão provocou o pânico entre as populações das localidades vizinhas.
Poderemos, quando a preposição se repete numa outra expressão de localização, retirar a preposição? Creio que sim. Vejamos:
(1) «A erupção pôde ser vista em Manila, que fica cerca de 110 quilómetros a sul do vulcão.»
(2) «Lisboa fica 300 km a sul do Porto.»
Nestes dois exemplos, o que parece justificar a queda da preposição é a sua repetição numa expressão que, de algum modo, complementa a anterior. Todavia, não creio que essa queda seja obrigatória.
Os outros dois exemplos que apresenta são, a meu ver, um pouco diferentes, pois neles não temos dois grupos preposicionais cada um com a sua preposição, mas sim um preposicional no qual, devido à sua estrutura interna, é possível, e mesmo preferível, o uso da preposição no final e não imediatamente a seguir ao verbo:
«a casa fica 100 m mais à frente»/«a casa fica mais à frente (uns) 100 m»
«o 2.º classificado ficou 100 m atrás»/«o 2.º classificado ficou atrás 100 m»