DÚVIDAS

A pronúncia dos ditongos em Lisboa

É do conhecimento geral (cf. respostas anteriores) que os lisboetas têm uma grande tendência para pronunciar os ditongos como se fossem uma única vogal.
Como explicar então a origem do ditongo "eu" na pronúncia do número 13 ['treuz(e)] em Lisboa, que no resto do país se pronuncia ['trêz(e)] e mesmo no Brasil seria ['trêzi]? Haverá ainda outras palavras em que este fenómeno se verifique?

Resposta

Em primeiro lugar, não me parece que os lisboetas tenham tendência para não pronunciar os ditongos. Se olharmos para os traços diferenciadores dos dialectos galego-portugueses propostos por Lindley Cintra (Estudos de Dialectologia Portuguesa), notamos que a zona de Lisboa pertence aos dialectos portugueses centro-meridionais, em que um dos traços é a pronúncia de /ei/ como [e]. Ora, isso de facto acontece no Alentejo mas não em Lisboa; podemos ouvir um alentejano a dizer [lête] mas um lisboeta dirá, com certeza, [leite].
Relativamente à pronúncia do número treze como [treuze], parece ser um fenómeno social que começou em Lisboa (talvez com locutores da rádio e da televisão??) mas que actualmente se estende ao resto do país (com a variante de [trelze]). E esse é, de facto, o exemplo mais evidente da pronúncia de um ditongo (no caso de [trewze]) onde ele não existia.

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