Em primeiro lugar, não me parece que os lisboetas tenham tendência para não pronunciar os ditongos. Se olharmos para os traços diferenciadores dos dialectos galego-portugueses propostos por Lindley Cintra (Estudos de Dialectologia Portuguesa), notamos que a zona de Lisboa pertence aos dialectos portugueses centro-meridionais, em que um dos traços é a pronúncia de /ei/ como [e]. Ora, isso de facto acontece no Alentejo mas não em Lisboa; podemos ouvir um alentejano a dizer [lête] mas um lisboeta dirá, com certeza, [leite].
Relativamente à pronúncia do número treze como [treuze], parece ser um fenómeno social que começou em Lisboa (talvez com locutores da rádio e da televisão??) mas que actualmente se estende ao resto do país (com a variante de [trelze]). E esse é, de facto, o exemplo mais evidente da pronúncia de um ditongo (no caso de [trewze]) onde ele não existia.