DÚVIDAS

A pronúncia do nome Diego

A minha dúvida prende-se com a maneira correcta de pronunciar o nome Diego.

Este nome encontra-se na lista autorizada de nomes do Instituto dos Registos e Notariado de Portugal, mas por ser pouco comum ninguém me sabe dizer se se pronuncia "Diêgo" ou "Diégo".

Será que me podem ajudar?

Obrigada.

Resposta

Não conheço fontes que indiquem qual a pronúncia mais frequente ou mais aceite do nome próprio Diego. Como falante de português europeu, costumo pronunciá-lo com e aberto, e outros falantes também, como se pode ouvir numa reportagem televisiva com a locução nessa variedade. Além disso, é possível que esse e aberto na forma do nome em português europeu seja motivado pelos aspetos fonéticos do e no ditongo crescente ie em castelhano, atendendo ao que descreve T. Navarro Tomás, no Manual de Pronunciación Española (Madrid, Instituto Miguel de Cervantes, 1982, pág. 65; ę e ǫ representam e e o abertos; o acento tónico, sobre a vogal no original, passou para o começo da sílaba tónica):1

«De las vocales e, o queda dicho que ante la semivocal i resultan relativamente abiertas [...] Los diptongos crecientes, formados por semiconsoante y vocal, son: ia-ja, ie-ję, io-jǫ, iu-ju, ua-wa, ui-wi, uo-wǫ. Ejemplos. [...] viejobięxo [...].»

Mas não é impossível que muitos falantes o usem com e fechado tendo em conta que nomes próprios e substantivos comuns com -o final e -e- na penúltima sílaba (que é tónica), têm esta vogal pronunciada como "ê" (símbolo fonético [e]): Barreto, Alfredo, cepo, sebo, borrego, preço, menosprezo, cabelo (mas outros existem com e aberto: decreto, cego, clero). Além disso, no português do Brasil, a pronunciação normal parece ser "Diêgo", de acordo com um registo áudio disponível na Internet. Note-se que existe a forma Diogo, que alguns estudiosos têm por genuinamente portuguesa, ao contrário de Diego, que tem proveniência espanhola (cf. José Pedro Machado, Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa, 2003).

1 Note-se que, a respeito do espanhol, se considera que não existe oposição fonológica entre e ou o abertos e e ou o fechados, ao contrário do que acontece em português; não obstante, do ponto de vista fonético, podem encontrar-se diferenças contextuais (fala-se em alofones), como aponta Navarro Tomas (op.cit., pág. 40/41):

«La ortografia española sólo distingue cinco sonido vocales: a, e, i, o, u, pues la y, cuando es propriamente vocal, tiene el mismo sonido que la i. A esta vocales se les atribuye, generalmente, un timbre medio entre las variantes abiertas y cerradas que en otros idiomas se conocen. Existen, sin embargo, en nuestra pronunciación, de una manera regular y constante, y sobre todo por lo que se refiere a las vocales e, o, matices diferentes de cada sonido, los cuales, sin llegar a ser, sin duda, tan señalados como en otros idiomas, lo son, no obstante, lo suficiente para que su empleo inadecuado o su omisión no dejen de influir de una manera sensible en la propriedad fonética del idioma [...].» 

ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de LisboaISCTE-Instituto Universitário de Lisboa ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa