A forma correcta de dizer é:
«A paródia na obra de Camões e na de Bocage.»
O a que integra a contracção na (de Bocage) é um pronome demonstrativo que está a substituir, evitando a repetição, a palavra obra. Desta forma a frase não tem qualquer ambiguidade, o que aconteceria em qualquer das outras duas situações.
A repetição ou não da preposição de, só por si, não causaria problemas. Pode dizer-se, por exemplo: «um móvel de mogno e castanho» ou «um móvel de mogno e de castanho». O fenómeno que permite não repetir a preposição em situações destas é muito comum.
Poderíamos, aparentemente, dizer «... na obra de Camões e Bocage.» ou «... na obra de Camões e de Bocage.» Simplesmente, em qualquer dos casos, o que estaríamos, rigorosamente, a dizer é que existe uma obra que é comum aos dois poetas. Esta interpretação só não é feita de imediato porque sabemos que se trata de poetas de séculos diferentes. Sem esse conhecimento não teríamos hipótese de perceber a diferença. É por essa razão que se torna necessária a repetição da preposição em, a que se associa o pronome demonstrativo a, que se refere a obra, como já foi dito. Este conjunto (em+a = na), por sua vez, exige a repetição da preposição de. Assim fica claro que há um aspecto comum, a paródia, na obra de cada um destes dois poetas.