1. O Homem está programado para falar, mas a activação desse potencial, inscrito no seu código genético, não se manifesta numa situação de isolamento, antes se desenvolve espontaneamente numa comunidade de falantes. A aptidão para a linguagem é um traço genético, mas a língua (materna) só se adquire quando o indivíduo está inserido numa comunidade. Veja-se o caso das crianças selvagens (que cresceram sem contacto humano): todas apresentam um atrofiamento da aptidão da linguagem.
2. O exercício linguístico é, por definição, interaccional: muito mais do que veicular informação, a fala serve para exercer poder ou influência sobre os outros e é um meio de afirmação social.
3. A língua é uma marca forte de identidade de um povo, como prova o recente episódio ocorrido no parlamento turco.
4. Para aprender uma segunda língua, não basta conhecer as regras de concordância, aplicar os tempos verbais correctos ou reter o vocabulário. Ao fazer-se isso, está-se a aprender a gramática dessa língua. Para verdadeiramente aprender uma língua estrangeira há que interagir com falantes nativos: perguntar, responder, argumentar, ironizar, julgar, parabenizar, prometer, saudar, fazer declarações de amor, enfim, entrar para aquela comunidade linguística.
É por estas quatro razões, pelo menos, que dizemos que a língua é um fenómeno social.