Começo por lhe dizer que tem toda a razão! O verbo chover está, de facto, a ser usado em sentido figurado, e a expressão «uma triste chuva de resignação» é, sem dúvida, o sujeito da oração.
O sujeito é a entidade que desencadeia a concordância verbal; ou seja, é a expressão nominal que origina uma alteração na flexão do verbo.
Esta afirmação pode ser comprovada através dos seguintes exemplos, nos quais se sublinham as expressões que constituem o sujeito das respectivas orações:
(1) a. «Preocupa-me muito o problema de saúde da Clara.»
b. «Preocupam-me muito os problemas de saúde da Clara.»
(2) «a. Não agrada ao pai do João o novo grupo de amigos do filho.»
b. «Não agradam ao pai do João os novos amigos do filho.»
(3) a. «Ocorreu um acidente perto da escola.»
b. «Ocorreram dois acidentes perto da escola.»
Na frase que apresenta, a expressão nominal «uma triste chuva de resignação» é o sujeito e não «um objecto directo interno», porque, à semelhança das expressões sublinhadas nas frases acima, se for usada no plural, levará a que se flexione o verbo também no plural, como o demonstra o exemplo seguinte e cujo sentido do verbo chover é o mesmo da frase em análise:
(4) «Chovem reclamações nesta empresa a todo o momento.»1
Disponha sempre!
1 Ver Evanildo Bechara, Moderna Gramática Portuguesa, Rio de Janeiro: Editora Lucerna, 2002, pág. 227.