A expressão em apreço, que conheço de, embora raramente, a ouvir em algumas aldeias de Trás-os-Montes, vem referida no dicionário Novo Aurélio XXI, onde é dada como exemplo da sua aplicação a frase:
«Que de encanto não tem para nós a palavra mãe.»
Trata-se de uma expressão fixa, de cariz regional, que veicula uma ideia de quantidade, normalmente em frases exclamativas. É constituída pela forma exclamativa ou pronome exclamativo que seguido do demonstrativo partitivo muito raro no português actual de. Não tenho informação de investigação nesta área, mas creio que a par do uso da expressão que de e nas mesmas povoações se utiliza também o de partitivo sem vir acompanhado da partícula exclamativa, tendo, nesse caso, o sentido de algum, alguns e sendo antecedido de uma forma do verbo haver na terceira pessoa do singular. É possível, por exemplo, nessas aldeias, para além de frases em que surge a expressão que de ouvir frases como as que registo a seguir:
As ovelhas não comeram; há delas que parecem estar doentes.
Os rapazes estão muito alegres; há deles que já têm um grão na asa.
Não sei se acontece uma situação semelhante nas populações em que o consulente regista o uso que de. Seria interessante verificar se acontece a mesma coexistência.