Começando pelo final, poderá utilizar tanto sítio como “site”. Estão, hoje, os dois termos em uso. Sítio parece estar a impor-se, ainda que gradualmente. Segundo Margarita Correia, essa implantação poderá estar associada, globalmente, ao campo semântico da viagem de que a “cibernavegação” se serve, pois viaja-se para visitar (ver?) sítios, ou locais…
Relativamente ao problema central que coloca, é realmente interessante a observação que o consulente nos faz. Com efeito, o termo substantivo continua presente, por exemplo, na tripartição da subordinação: subordinada substantiva; adjectiva e adverbial. Seria pertinente alterar a designação deste conceito? Tenho dificuldade em me pronunciar.
Gostaria, antes de continuar, de tecer algumas considerações sobre a nova terminologia (TLEBS), ou melhor, sobre a ansiedade que a sua implementação está a causar. Sem escamotear a necessidade – que não é de hoje! – de formação específica no âmbito da língua portuguesa, ainda bem que há uma nova terminologia que nos põe, a todos, a questionar a nossa língua e o conhecimento que dela – efectivamente! – temos. Isto tudo para dizer que a grande maioria dos aspectos focados na TLEBS não é nova. Também é bom dizer que nem todos são pacíficos, ou perfeitos ou, sobretudo, inalteráveis.
A problemática entre nome e substantivo, por exemplo, já era evidente quando eu me licenciei, em 1985! Muitas das gramáticas que hoje os nossos alunos (e nós!) compram já falam de nome e não de substantivo. E nós temos andado a “enfiar” na cabeça deles coisas como «sintagma nominal». Alguma vez nos terá passado pela cabeça chamar-lhe «sintagma substantival»?
Sinceramente, creio que estamos no bom caminho! Estamos a pensar no assunto e a levá-lo para o grupo disciplinar! Que bom! A segunda acção de formação promovida pela Universidade de Lisboa sobre este tema, em Outubro e Novembro deste ano, passou das cerca de 20 pessoas que assistiram à primeira, em Janeiro de 2002, para próximo das duas centenas. Estamos finalmente a pensar a nossa língua! E isso só pode ser positivo!
Regressando ao «adjectivo substantivado», do meu ponto de vista, trata-se de uma expressão que poderá continuar a ser utilizada, pois ela serve para explicitar, de forma clara, um fenómeno de formação de palavras: a derivação por conversão (até agora conhecida por derivação imprópria). É a existência desta possibilidade, ou deste fenómeno, que convém ensinar (ou aprender). Por outro lado, em contexto, a palavra ou é adjectivo ou é nome. Se estiver perante um nome que corresponde à nominalização de um adjectivo, como os seus alunos – depreendo da sua mensagem – estão no final do percurso, não lhes faz mal nenhum, antes pelo contrário, atribuir aos conceitos a designação correcta e dizer que se trata de um nome, formado por derivação por conversão a partir de um adjectivo.
Finalmente a bibliografia. Há, neste momento, de que eu tenha conhecimento, três gramáticas de língua portuguesa que vale a pena ter e consultar: A Nova Gramática do Português Contemporâneo, de Celso Cunha e Lindley Cintra, com reimpressões disponíveis no mercado; a Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, cuja 37.ª edição revista e ampliada saiu no Rio de Janeiro em 2001, editora Lucerna; a Gramática da Língua Portuguesa, de Maria Helena Mira Mateus e outras, na sua 5.ª edição, revista e aumentada, publicada pela Editorial Caminho.
As três reflectem sobre a língua portuguesa com pormenor e rigor; as mais actualizadas face à evolução dos conhecimentos linguísticos são as últimas duas, porque foram sujeitas a actualizações já neste milénio. Aquela que mais se aproxima das designações utilizadas na TLEBS é a última.
Cf. Substantivação de palvaras + Entendendo acerca do processo de substantivação