Com o mesmo significado que talvez, “samica” (ou “samicas”; ver Serafim da Silva Neto, História da Língua Portuguesa, Rio de Janeiro, Presença, 1971, pág. 504) era um advérbio de dúvida em português antigo. A sua origem não é clara, como também não é clara a origem do arcaizante quiçá.
Transcrevo o artigo de Silveira Bueno no grande Dicionário Etimológico Prosódico da Língua Portuguesa (São Paulo, Edição Saraiva, 1963):
«Samicas – adv[érbio]. Talvez, por acaso, por ventura. Ainda não encontro uma explicação satisfatória para esta palavra. No glossário da edição das obras de Gil Vicente feita por Mendes dos Remédios lê-se: "Termo arcaico, como tal já foi dado no séc. XVI pelo gramático Fernão de Oliveira, na significação adverbial de 'talvez', 'por ventura', etc. Parece derivar do ital[iano] 'sa', saber, e 'micas', nada, equivalente ao 'quiçá', quem sabe.»
José Pedro Machado não regista este vocábulo no Dicionário Onomástico Etimológico da Língua Portuguesa.