Se a consulente se refere a uma variante dialectal ou popular brasileira de velho, saiba que a forma em causa não está fixada nem em dicionários nem em prontuários. Seria possível, de acordo com o Formulário Ortográfico de 1943 (XII, 6.ª), escrever "véio", com acento em "éi", como forma de indicar que a vogal representada por e é aberta, tal como acontecia com idéia, no português do Brasil. Mas o novo acordo (Base IX, 4) veio alterar este critério: hoje as palavras paroxítonas cuja sílaba tónica tem por núcleo um ditongo aberto (éi, ói) escrevem-se sem acento — daí ideia e, pela mesma lógica, "veio", que acaba por se confundir com veio, 3.ª pessoa do singular do pretérito perfeito do verbo vir, e veio, «filão», substantivo masculino. Mesmo assim, visto manter-se acento gráfico com função diferencial em certos casos de palavras paroxítona (p. ex., pode ~ pôde), não me parece que o acordo seja posto em causa se escrevermos "véio", de modo a distinguirmos de veio (verbo e substantivo).
Resta-me assinalar que a grafia em apreço é legítima na escrita apenas se a intenção do seu uso for reproduzir a fala popular. Não deve, por isso, ser empregada noutras instâncias discursivas.