O adjectivo e o nome são muitas vezes confundidos precisamente porque, frequentemente, a mesma palavra pode pertencer a ambas as classes, sendo o contexto em que aparece fundamental para determinar a sua categoria sintáctica.
Podemos dizer que a palavra responsável — como rico, bom, ou velho — é, antes de mais, um adjectivo, pois designa uma qualidade atribuída ao substantivo que a acompanha e com o qual estabelece uma relação de concordância em género e número. Por exemplo, na frase «Os homens responsáveis serão reconhecidos», a palavra «responsáveis» qualifica o nome «homens» e concorda com este em número, apresentando por isso a marca de plural -eis.
Porém, os próprios dicionários atestam que palavras como responsável, rico, bom, velho, etc. podem também ser substantivos. Isto verifica-se na frase «de todos os responsáveis por uma má notícia, o mensageiro é quem sempre paga». Aqui, o termo «responsáveis» é que comanda a flexão dos determinantes («todos os») e não qualifica propriamente um nome implícito, mas está no plural por correspondência com a realidade que designa. Neste caso, um responsável é uma «pessoa que tem responsabilidade», ou uma «Entidade a quem se pode atribuir a causa de uma situação ou facto» (Dicionário da Língua Portuguesa Contemporânea).
O uso de adjectivos como responsável, rico, bom, velho, etc. como substantivos decorre de um processo de criação vocabular a que se dá o nome de conversão ou derivação imprópria, segundo o qual uma palavra de determinada classe dá origem a outra, com a mesma forma, mas de classe gramatical distinta.
Respondendo concretamente à pergunta («Está correto argumentar que "responsáveis" corresponde a um termo que qualifica um ser (p. ex.: "de todos os [homens] responsáveis por uma má notícia...") e, assim, poderia ser classificado como adjetivo?»), eu diria que não, pela razão acima exposta: nesta frase, «responsáveis» não qualifica um ser, mas designa um ser, ou um conjunto de seres.