A forma Vilna tinha o favor dos filólogos, pelo menos, na década de 40 do século passado. Quem consulte o Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa, de Rebelo Gonçalves, publicado em 1947, encontrará Vilna (pág. 361) como equivalente português ao que nessa época se considerava «topónimo alienígena», Wilnius. Dizia Rebelo Gonçalves (op. cit., pág. 361, n. 2):
«[Vilna é] [r]egisto do Vocabulário de Bluteau e do da A. C. L. [Academia das Ciências de Lisboa]. Com tal forma se reproduz o nome que em lituano é propriamente Wilnius, embora por influência russa os Lituanos usem Vìlna, e a que correspondem em russo Vil´na, em polaco Wilno, etc. (informação do St. V. Cocco, assistente da Faculdade de Letras de Coimbra).
Damião de Góis, na Crónica de D. Manuel, II, cap. I, usa a variante Vilno. Não obstante, é preferível a forma em -a, que, sendo também abonada por textos (Bluteau cita um exemplo do Martirológio em Português), tem ainda a recomendá-la o neolatinismo Vilna.»
Actualmente, escreve-se Vilnius em lituano, e tem sido esta a forma mais corrente em português, ao mesmo tempo que Vilna anda esquecida, talvez porque a Lituânia e a sua capital não têm sido presenças constantes nas culturas de língua portuguesa. De qualquer modo, se atentarmos nas palavras de R. Gonçalves, há boas razões para recuperar a forma mais vernácula. Fica feito o repto.
N. E. (11/07/2023) – Sem prejuízo da correção da forma Vilna, registada no vocabulário onomástico incluído no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa de 1940, da Academia das Ciências de Lisboa, e no Vocabulário Onomástico da Língua Portuguesa de 1999, da Academia Brasileira de Letras, a forma Vílnius, aportuguesamento do lituano Vilnius, é identificada como a forma correta do português de Portugal. Com efeito, na data de redação da presente nota, Vílnius, com acento grave na primeira sílaba, é a única forma consignada no Código de Redação Interinstitucional para o uso do português na União Europeia.