DÚVIDAS

A ambiguidade das palavras homógrafas

Queria, antes de mais, agradecer a possibilidade de aceder a este fórum a que tantas vezes recorro para esclarecimento de dúvidas. Aquela que hoje aqui queria deixar prende-se com a transcrição, em textos de processos, do que uma testemunha disse. Assim, vê-se: «(...) e ele testemunha disse que...»

Pergunta: testemunha deverá ser escrito entre aspas, ou aqui não é necessário? A minha dúvida põe-se devido a testemunha poder ser utilizado como uma forma verbal do verbo testemunhar. Claro que neste exemplo não causa confusão, mas há situações em que poderá causar.

Resposta

Não me parece que o recurso às aspas seja o mais apropriado para desfazer a ambiguidade que possa existir entre a forma substantiva e a forma verbal que a palavra testemunha pode assumir. Para esse efeito, no caso que nos apresenta, dispomos das vírgulas (1), dos parêntesis (2) ou dos travessões (3):

1. «(...) e ele, testemunha, disse que...»

2. «(...) e ele (testemunha) disse que...»

3. «(...) e ele – testemunha – disse que...»

Há, na língua portuguesa, muitas palavras homógrafas (palavras com a mesma grafia e significado diferente), como a deste caso, e é o contexto que costuma encarregar-se de desfazer a eventual confusão.

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