Textos publicados pela autora
Judia e judaica como adjectivos
Pergunta: Num blogue intitulado Grafofone critica-se o jornalista Mário Crespo por ter empregado o adjectivo judia, em vez de judaica, nesta frase: «[Aristides de Sousa Mendes] ajudou a população judia.»
Transcrevo a argumentação do autor do referido blogue, Ricardo Cruz:
«Hoje faz cinquenta anos que morreu (na miséria e escorraçado pelo governo português de então) Aristides de Sousa Mendes. A sua actuação durante a II Grande Guerra terá salvo centenas de milhares de pessoas da morte em campos de...
A classificação morfológica de vice-
Pergunta: O plural do nome composto vice-presidente é vice-presidentes, certo? No entanto, gostaria que me esclarecessem sobre a classificação morfológica da palavra vice.
Obrigada.Resposta: Na palavra vice-presidente, vice- é um elemento de formação, um prefixo, que deriva do latim vice («em vez de»). É invariável, pelo que não se flexiona no plural, no caso de palavras derivadas por prefixação, como...
O valor de sempre em «Sempre vamos ao cinema?»
Pergunta: A frase «Sempre vamos ao cinema?» está correcta gramaticalmente, no que toca ao uso de sempre?
Obrigada.Resposta: A frase que apresenta está correcta.
O advérbio sempre tem, aqui, o significado de «afinal, efectivamente», no sentido em que a pessoa que faz a pergunta pretende que seja confirmada a acção em causa (ir ao cinema). Nestes casos, surge em posição pré-verbal (exemplos: «E amanhã, sempre queres ir?»; «Sempre te apetece sair?» «Achas que eles sempre...
A tradução do termo inglês "typed"
Pergunta: Traduzo frequentemente textos técnicos (informática) de inglês americano para português.
Recentemente, deparei-me com a necessidade de traduzir typed (que, pelo menos no contexto, não tem o mesmo significado que typified).
Para mim, a tradução correcta seria "tipado" e não "tipificado".
Será o termo "tipado" correcto em português?Resposta: Uma palavra polissémica como type (e tantas outras!) não deve ser traduzida sem conhecimento do enunciado em que ocorre.
No caso da...
A figura de estilo no verso «Começa a haver meia-noite» (Álvaro de Campos)
Pergunta: Gostaria que me pudessem explicar que figura de estilo está neste verso de Álvaro de Campos: «Começa a haver meia-noite.»
Muito obrigada.Resposta: Considerando o verso integral («Começa a haver meia-noite, e a haver sossego»), e em termos de construção, julgo que não existe aqui propriamente uma anáfora, dado que a repetição da palavra «haver» não se dá, neste caso, no início de versos, nem no início de frases, não havendo um estrito paralelismo formal entre «começa a haver» e «e a haver».
Em termos de conteúdo, eu...
