Considerando o verso integral («Começa a haver meia-noite, e a haver sossego»), e em termos de construção, julgo que não existe aqui propriamente uma anáfora, dado que a repetição da palavra «haver» não se dá, neste caso, no início de versos, nem no início de frases, não havendo um estrito paralelismo formal entre «começa a haver» e «e a haver».
Em termos de conteúdo, eu diria que estamos em presença de uma metáfora, em que «meia-noite» designará, para o poeta, o momento nocturno em que a calma é total, em que tudo está silencioso e adormecido: a parte mais profunda da noite e, nesse sentido, o seu "meio": pois nele se está o mais longe possível do início e do fim.