Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

O erro parece ter-se imposto, pois não há jornal nem jornalista - do audiovisual mas também da escrita, alguns, até, com responsabilidades acrescidas - que não tropecem no erro da "precaridade".
     Como já aqui abordámos por diversas vezes o tema, o termo correcto é precariedade, visto ser um derivado de precário. Os substantivos abstractos da mesma família de adjectivos terminados ...

    «No fim dos trabalhos do Congresso do PSD, os delegados não esperaram por ouvir os resultados das votações», referiu a repórter da RTP , na cobertura reunião magna do principal partido da oposição português, no domingo passado.
     Pretendia dizer «não esperaram para ouvir». A confusão entre as duas preposições (por e para) deu-se porque o ve...

Numa peça sobre a imigração clandestina vinda de África para a Europa, emitida [numa noite destas] pelo "Jornal 2" da RTP-2, ouviu-se que esses clandestinos «dizem que arriscam a morte, porque é a única opção de sobrevivência.»
()     Obviamente que ninguém arrisca a morte, mas… a vida. Por isso, deveria ter sido dito que "arriscam a vida", põem a vida em risco, confrontando-se, portanto, com a possibilidade de morrer. O que é posto em risco é a vida, não a morte.

«Vendem-se casas» e «Arrendam-se apartamentos» são as frases mais vulgarmente apresentadas como exemplos do emprego adequado da voz passiva com a partícula apassivante "se". A frase utilizada por Marcelo Rebelo de Sousa no passado domingo, dia 12 p.p., no seu programa "As Escolhas de Marcelo", na RTP-1 («"Fez-se" a correr não sei quantos estádios para o Euro!») é mais um dos exemplos a evitar. O adequado é, portanto, fizeram-se estádios, vêem-se agora os resultados, etc.

O dispensável estrangeirismo «é suposto»

É cada vez mais vulgar o emprego na rádio e na televisão portuguesas do estrangeirismo "é suposto" + infinitivo, que leva, por vezes, a construções incorrectas, como a seguinte: «As conclusões dessa comissão científica independente foram sobretudo criticadas por quem se opunha a esta metodologia e pelas populações dos locais onde estão supostos fazer-se a co-incineração.» (...)