Mais este exemplo do uso indevido do advérbio interrogativo porque: «Por que é que as autoridades portuguesas não fech...
Licenciada em Filologia Românica pela Universidade de Lisboa; mestrado em Ciências da Educação, pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra e doutoranda na mesma; professora na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra; larga experiência pedagógica no ensino politécnico (Escola Superior de Educação de Coimbra) onde lecionou várias disciplinas na área da Língua Portuguesa. Autora (ou em coautoria), entre outros livros, de Cuidado com a Língua!, Assim é que é falar! 201 perguntas, respostas e regras sobre o português falado e escrito, A Gramática – Português – 1.º Ciclo, A Gramática – Exercícios – 2.º ano, A Gramática – Exercícios – 3.º ano e A Gramática – Exercícios – 4. ano e Eu não dou erros!
Cf. 50 anos de carreira docente de Mª. Regina Rocha + 50 anos de docência de M.ª Regina Rocha assinalados pela Câmara Municipal de Coimbra + A linguagem e as expressões dos nomes de lugar + A elegância, a deselegância ou a «falsa sensação de elegância» na linguagem
Mais este exemplo do uso indevido do advérbio interrogativo porque: «Por que é que as autoridades portuguesas não fech...
Gostava de saber se é «Sociedade da Informação» ou «de Informação»?
Muito obrigada.
Podemos utilizar ambos os termos, dependendo do referente, ou seja, do objecto extralinguístico para o qual o termo remete.
Devemos dizer «sociedade da informação» quando nos referimos à sociedade em geral (conjunto de pessoas que vivem em estado gregário) em que a componente da informação e do conhecimento desempenha um papel nuclear em todos os tipos de actividade, em consequência do desenvolvimento da tecnologia digital, e da Internet em particular, o que origina novas formas de organização da economia e da sociedade. Esse desenvolvimento social e tecnológico permite obter e partilhar qualquer tipo de informação e conhecimento quase instantaneamente, a partir de qualquer lugar.
A «sociedade da informação» é, portanto, um produto do próprio homem, que assenta na convergência de três tecnologias: as da informação, as da comunicação e as dos media. Assim, ao utilizarmos o determinativo «da informação», estamos a referir-nos especificamente a este conceito de informação: «a informação» significa simultaneamente o conhecimento, a notícia, a comunicação, a tecnologia digital.
Quanto ao termo «sociedade de informação», ele pode ser utilizado quando a palavra sociedade significa «associação», «agremiação», «organismo», etc. que tem por objectivo dar informações sobre algo, esclarecer, aconselhar, difundir uma informação específica sobre uma determinada área, saber, matéria, produto, etc. Já não se trata «da informação», mas, sim, «de informação» sobre algo. Exemplo: «Sociedade de Informação do Amianto, Lda».
Notícia do Jornal da Tarde (RTP 1, 10 de Maio de 2007) sobre as investigações a propósito do desaparecimento de uma menina inglesa no Algarve: «As investigações prosseguem no terreno, com uma equipa de 180 inspectores da Judiciária, apoiada por 100 militares da GNR e por todos os elementos ...
«Alter rixatur de lana soepe caprina» é um verso de Horácio que tentei traduzir à letra e que significa mais ou menos : «um outro brigão de lã soepe (?) de cabra. Estando em causa a origem da expressão «questões de lana-caprina» e por não conseguir obter o significado de soepe, que deverá tratar-se de alguma declinação, muito grato ficaria pela sua tradução.
Bem hajam por todo o vosso serviço à causa da cultura portuguesa.
A expressão portuguesa «questão de lana-caprina» provém directamente da latina rixari de lana caprina, que significava «disputar por simples bagatelas».
Em latim, rixari é um verbo depoente que significa «disputar, contender, brigar, contestar»; de é uma preposição que pede um ablativo e significa «a respeito de», «acerca de»; lana caprina é um termo que está no ablativo e significa «pêlo de cabra». Lana caprina significa «pêlo de cabra», tal como lana leporina significa «pêlo de lebre» (Dicionário Português-Latino, de Francisco Torrinha, pág. 835). Ora o pêlo da cabra não tem qualquer valor comercial, ao contrário, por exemplo, da lã das ovelhas.
O verso de Horácio a que se faz referência a propósito deste assunto é «alter rixatur de lana saepe caprina» (Epístolas, 1.18.15), que significa, literalmente, que «um deles discute muitas vezes acerca de pêlo de cabra», ou seja, «um deles discute muitas vezes a propósito de coisas sem importância». Saepe significa, pois, «muitas vezes».
Assim, tal como em latim, «uma questão de lana-caprina» significa precisamente algo sem qualquer importância, sem valor, que não merece uma discussão.
Este é um espaço de esclarecimento, informação, debate e promoção da língua portuguesa, numa perspetiva de afirmação dos valores culturais dos oito países de língua oficial portuguesa, fundado em 1997. Na diversidade de todos, o mesmo mar por onde navegamos e nos reconhecemos.
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