Maria Regina Rocha - Ciberdúvidas da Língua Portuguesa
 
Textos publicados pela autora

Pergunta:

Apesar de conhecer o sentido da expressão «trinta por uma linha», gostaria que me fosse explicada (se possível) a origem da mesma!

Resposta:

Não conheço nenhuma obra que refira a origem desta expressão. Assim, vou interpretá-la de acordo com os seus constituintes.

«Trinta por uma linha» significa «coisas várias», «coisas sem conta», «coisas disparatadas», «grande trapalhada», «enorme confusão». A expressão «fazer trinta por uma linha» aplica-se a quem faz muitas coisas, todas de seguida, sem parar, normalmente de cariz problemático ou negativo.

Esta expressão é composta de «trinta» e «por uma linha». «Por uma linha» significa «a fio», «a eito», «a seguir» (como se estivesse a seguir uma linha, sem dela se afastar).  «Trinta» é um número não só associado a realizações humanas de alguma dimensão, de que é exemplo a expressão «estar com trinta sentidos» (que significa «estar muito atento»), como aos trinta dinheiros que Judas terá recebido por ter entregado Jesus aos seus inimigos.

Assim, «trinta por uma linha» significaria «trinta coisas de seguida, a eito, sem parar» («trinta» = «muitas»), o que, naturalmente, sugere ou se transforma em «grande trapalhada», «enorme confusão».

Referência no Jornal 2 (RTP 2, 21 de Maio de 2007) sobre uma sondagem acerca do futuro aeroporto da Ota: «55% dos portugueses considera que o investimento no novo aeroporto não deve ser prioridade para o país (…), 19% não sabe ou não responde (…), apenas 16% aplaude a escolha do Governo.»

«Não queremos provendas nem queremos mordomias, mas seremos uma força de estabilidade (…)», referiu* o líder do CDS/PP, Paulo Portas, na apresentação do candidato do seu partido nas eleições antecipadas da Câmara de Lisboa.

Prebendas é o que devia ter sido dito. Prebenda significa «emprego rendoso e de pouco trabalho», enquanto provenda é um termo antigo que designava «provisão de mantimentos».

* in Telejornal, RTP 1, 19 de Maio de 2007

«Terá sido contactado há algum tempo por Robert Murat, para fazer um site na Internet ligado ao negócio mobiliário

Como esta informação* foi ilustrada com imagens de locais e apartamentos, a palavra a utilizar deveria ter sido imobiliário («negócio imobiliário»).

Mobiliário significa «relativo a móveis (a mobília)», «referente a bens móveis», enquanto imobiliário se utiliza para designar bens imóveis, não susceptíveis de ser deslocados, como é o caso de casas ou terrenos.

Rubrica («título ou entrada que constitui indicação geral do assunto, da categoria», «assinatura abreviada») é uma palavra grave – pelo que a sua sílaba tónica é a penúltima (bri), e não a antepenúltima, não tendo, portanto, nenhum acento. Palavra grave – e não esdrúxula, como se ouve frequentemente no audiovisual português.