Pergunta:
Na frase "Ele saiu cedo e portanto não teve tempo de ouvir a notícia.", como devemos analisar sintaticamente a segunda oração: aditiva ou alternativa?
E a palavra "portanto" pode/deve vir entre vírgulas?
Resposta:
Esta pergunta pode ter duas respostas, consoante a perspectiva gramatical que queira seguir.
Em Portugal, na perspectiva da gramática tradicional e na de Celso Cunha e Lindley Cintra (Moderna Gramática do Português Contemporâneo), a segunda oração é coordenada conclusiva, pois, embora com a ajuda da conjunção coordenativa copulativa "e", o emprego simultâneo da conjunção coordenativa conclusiva "portanto" e o valor semântico da segunda oração (conclusão e consequência da primeira) levam a essa classificação.
No Brasil, segundo a orientação da 37.ª edição (1999) da Moderna Gramática Portuguesa, de Evanildo Bechara, esta oração deverá ser classificada de aditiva (em Portugal, copulativa), introduzida pela conjunção coordenativa "e", que, neste caso, tem o valor de adição.
Seria coordenada alternativa (em Portugal, designamos de disjuntiva), se o seu sentido excluísse o da primeira oração, ou aparecesse como segunda hipótese, segunda situação (em alternativa), como nestes exemplos: "Ficas, ou vens comigo?", "Ela ora cantava, ora dançava".
A palavra "portanto" deve vir, obrigatoriamente, entre vírgulas, pois, quer numa perspectiva, quer noutra, essa conjunção coordenativa conclusiva, que alguns gramáticos consideram com um valor adverbial e não de conector, acrescenta uma informação diferente, e fundamental, à simples adição.